Série: “OS 4 EVANGELHOS EM 1”
2/52 - ZACARIAS
Zacarias é o primeiro personagem a ser apresentado no Evangelho de Lucas com uma descrição admirável! Ele e sua esposa Isabel “eram justos aos olhos de Deus, obedecendo de modo irrepreensível a todos os mandamentos e preceitos do Senhor. Mas...” (Lucas 1:6,7) Mas... nada é perfeito! Havia uma falta em sua vida, uma frustração, uma carência, talvez até uma vergonha, uma queixa, uma dor... Como cada um de nós! Todos temos um “mas”, um “porém” nas nossas qualificações. Lembrei-me de Naamã, “comandante do exército do rei da Síria, era muito respeitado e honrado pelo seu senhor, pois por meio dele o Senhor dera vitória à Síria. Porém, leproso.” (2 Reis 5:1) Quantas vezes nos confrontamos com esses nossos “poréns”! Quantas vezes desejamos nos livrar destes nossos “mas” que interrompem nossa lista de bênçãos para nos fazer lembrar que nada é perfeito, somos humilhados a admitir nossa limitação e dependência do Senhor!
Mas qual era o “mas” de Zacarias? O mesmo “mas” de Abrão com Sara, de Isaque com Rebeca, de Jacó com Raquel, de Elcana com Ana! Esterilidade! Todos esses casais sofreram a dor da infertilidade e clamavam ao Senhor! Uns por mais tempo... outros com mais desespero, mas para todos, a falta de um filho fazia falta na completude dos seus sonhos. Eu mesma passei por isso, meu primeiro (e único) filho só veio depois de 11 anos de casada! Entendo bem como é essa “cobrança” externa e essa dívida interna! E se não for esta, vai ser outra! Como a enfermidade de Naamã ou outro espinho na carne qualquer que nos faça clamar pelo socorro e providência divina.
E Zacarias devia sim pedir insistentemente um filho para o Pai, porque ao lhe dar a resposta, o anjo Gabriel lhe disse: “Não tenha medo, Zacarias; sua oração foi ouvida. Isabel, sua mulher, lhe dará um filho, e você lhe dará o nome de João. Ele será motivo de prazer e de alegria para você, e muitos se alegrarão por causa do nascimento dele, pois será grande aos olhos do Senhor...” (Lucas 1:13-15) Que bela notícia!!! Boa demais para ser verdade? Como Sara, Zacarias duvidou: “Como posso ter certeza disso? Sou velho, e minha mulher é de idade avançada.” (v:18) Como assim, Zacarias? Você, um sacerdote, tão justo, obediente e irrepreensível, “mas, porém, contudo, todavia” incrédulo? Orou, “mas” não crê! Pediu, “porém” não espera receber! Buscou, “contudo” não acha possível alcançar! Será que temos alguma semelhança com esta postura ao tratar dos nossos “poréns”? Na verdade, a grande frustração ou carência na vida de Zacarias, não era a falta de um filho! A nossa grande carência é por fé! Precisamos aprender a alinhar a expectativa do nosso pedido com a certeza da resposta que Deus nos dará e não com as circunstancias desfavoráveis ao redor ou com as debilidades humanas. Porque “nada é impossível para Deus" (v:37) Nem isso e nem qualquer outra falta que tenhamos necessidade. Deus tanto pôde dar um filho para Isabel estéril por ser idosa demais, quanto para Maria virgem por ser jovem demais!
A diferença é que na pergunta de Maria: “Como acontecerá isso, se sou virgem?” (v:34) O anjo não viu incredulidade, mas interesse, curiosidade, expectativa! Tanto é que sua resposta imediata foi: “Sou serva do Senhor; que aconteça comigo conforme a tua palavra” (v:38) A própria Isabel reconheceu a diferença entre seu marido e sua parenta quando exclamou: “Feliz é aquela que creu que se cumprirá aquilo que o Senhor lhe disse!” (v:45)
Outra grande diferença é que Maria esperou seu bebê cantando e contando que “o Poderoso fez grandes coisas em [seu] favor” (v:49) Zacarias, “porém” ficou mudo a gestação toda como o anjo decretou: “Não poderá falar até o dia em que isso acontecer, porque não acreditou em minhas palavras.” (v:20) A incredulidade emudece o homem! A fé, todavia, engrandece ao Senhor com cânticos de louvor! Por isso, escolha crer! Prefira esperar sua bênção adorando, antes mesmo de recebe-la nos braços! No entanto, o silêncio de Zacarias deve ter servido para fazê-lo pensar, rever e reavaliar a sua fé levando-o ao arrependimento, porque após a dor do parto, veio a alegria do nascimento quando então “Imediatamente sua boca se abriu, sua língua se soltou e ele começou a falar, louvando a Deus.” (v:64) E não só louvou a Deus falando, mas também cantando, profetizando cheio do Espírito Santo como narra os últimos 12 versos seguintes.
Tiremos também agora um tempo para pensar em nossos “poréns” e rever como estamos lidando com eles! Será que estamos na acomodação inerte de Naanã que nem sequer queria dar um mergulho no desconhecido rio da fé? Ou será que mesmo “conhecendo” tão bem a fé como um sacerdote justo e irrepreensível estamos incrédulos sem expectativa do nosso milagre? Que tal começar adorar com gratidão pelas bênçãos que já temos e pelas que cremos que teremos?
Compartilhei minha 2ª semana de 2023
Marina M. Kumruian
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