Série: “OS 4 EVANGELHOS EM 1”
30/52 – MAL SABIA ELE!
Temos visto, ao longo destas semanas acompanhando o ministério de Jesus por entre judeus e gentios, diferentes ações e reações que identificam a fé e a sabedoria dos crentes em contraste com a incredulidade e imprudência dos incrédulos!
Hoje vamos analisar uma declaração cheia de fé e sabedoria porém, vinda de um incrédulo ignorante. Como pode? O caso se deu na sequência da ressurreição de Lázaro. Não bastava ainda antes o quanto também já haviam discutido a cura do cego de nascença, agora não sabiam mais o que fazer: “Então os chefes dos sacerdotes e os fariseus convocaram uma reunião do Sinédrio. 'O que estamos fazendo?', perguntaram eles. 'Aí está esse homem realizando muitos sinais miraculosos. Se o deixarmos, todos crerão nele...'” Além de não crerem, não queriam deixar que os outros cressem! Não obstante, tudo o que Jesus ensinou (como jamais ninguém falou como ele, lembram?) e todos os sinais que fez (como ninguém jamais realizou!) eram justamente para levar todos a crerem n’Ele pela fé, mas com entendimento espiritual!
“Então um deles, chamado Caifás, que naquele ano era o sumo sacerdote, tomou a palavra e disse: ‘Nada sabeis! Não percebeis que vos é melhor que morra um homem pelo povo, e que não pereça toda a nação’. Ele não disse isso de si mesmo, mas, sendo o sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus morreria pela nação judaica, e não somente por aquela nação, mas também pelos filhos de Deus que estão espalhados, para reuni-los num só povo.” (João 11:47-52)
O que me chamou a atenção foi o sumo sacerdote declarar que os outros não sabiam de nada, sendo ele mesmo o maior ignorante dentre todos por não acreditar na identidade e no propósito de Jesus como sendo o Cristo. Como é feio quando alguém se manifesta com arrogante jactância sem noção do seu engano! Deus me livre disso! Ele achava que ninguém estava percebendo o que estava para acontecer, sendo ele próprio o mais desapercebido do Plano Divino. No entanto, ainda assim, ele é usado, mesmo inconscientemente, para profetizar uma grande verdade que nem sequer compreendia o sentido real, pois não disse aquilo de si mesmo. Como no caso de Pedro: “isto não lhe foi revelado por carne ou sangue, mas por meu Pai que está nos céus.” (Mateus 16:17) Então, na verdade, mal sabia ele que era ele que não sabia nada, nem mesmo o que soube profetizar sem saber! Muito louco isso, não é?
Esses dias mesmo estávamos em uma roda de conversas tentando entender algumas coisas do Reino que pensávamos saber serem de um jeito enquanto sabíamos que outros pensavam de outro jeito. Os de cá bem poderiam se ensoberbecer no “saber” das coisas que se achavam sabidos, enquanto os de lá também poderiam se orgulhar na humildade de apenas crer pela fé sem saber se sabiam de fato o real sentido das coisas. Contudo, não foi esta nossa atitude (pelo menos é o que creio), pelo contrário, chegamos à conclusão que, sim, devemos humildemente fazer a nossa parte de buscar conhecer e prosseguir em conhecer para não perecer por falta de conhecimento (conforme Oséias 4:6 e 6:3), mas, por outro lado, também compreender que a revelação da verdade sobre as coisas espirituais do Reino de Deus não vem de nós mesmos, é dada pelo nosso Pai que está nos céus por meio da unção do Espírito Santo que nos ensina todas as coisas (conforme I João 2:20 e 27). Cada um fazendo a sua parte chegaremos na plenitude da sabedoria!
Desta maneira, vamos refletir sobre nossas posturas como sacerdotes do Reino. Que não sejamos como Caifás fazendo afirmações soberbas em detrimento das crenças dos outros sobre questões que desconhecemos, pressupondo que nosso status na esfera religiosa nos garante a detenção exclusiva da voz da verdade. Ao invés disso, mantenhamos a simplicidade nas nossas declarações de fé, confiantes que estamos debaixo da unção reveladora do Espírito Santo e totalmente dependentes da sabedoria que vem do alto para profetizarmos sob o efeito da Sua graça capacitadora operando em nós!
Aliás, conforme bem esclareceu o apóstolo João no final do texto em referência, o propósito da morte de Jesus era “para reuni-los num só povo.” Sendo assim, estas facções religiosas nada contribuem para a união deste "um só povo", de uma só fé, em um só Salvador, por uma só verdade. Portanto, se você sabe um pouquinho mais que eu, não diga que eu não sei de nada, me perdoe e compartilhe o que você sabe para me agregar sabedoria e aumentar a minha fé. De igual maneira, assim o farei contigo e juntos estaremos crescendo na graça e também no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo à medida que Ele vai nos dando o entendimento da Sua vontade.
Compartilhei minha 30ª semana de 2023
Marina M. Kumruian